Exercícios
Para poemas
Mínimos
TODO NOVO POEMA É UM VERBO DESCONHECIDO
Ter que ir
A fingir que anda
Sem se sair
É que a vida se espanta
Para ela
Basta que eu assuma
Mesmo que continue...
São terríveis os urros
Que o teu cadáver acoberta
É a obrigação da juventude
Que nos torna envelhecidos
Em meio ao cemitério urbano
Passeio por corpos esquecidos
Modelar
Enquanto pedra
Corpo e massa
A estátua
Desdenha
Pino formão martelo
As mãos
Escavam bolsos
São luzes
Tudo que transparece
Em meio ao céu
A lua cresce
Nos seus olhos
Toada a noite
Que há
Todo segundo contém
Em si o mistério
O tempo a escorrer
Malabarismos
Entre ele e ela
Resiste o olhar
Qual bar
Que boteco seja
Trago em mim
Todo o álcool
Feito sede
A secar-me o corpo
Envenenadas as palavras ciciam
Com seus guisos o silêncio
O momento exato
Cada vírgula é um bote
Querer exato
O que se cria
Da terra a modelar
O barro qual corpo
Transcende...
Sempre tudo
A falar
A boca
Muda
Sempre nada
A dizer
A boca
Canta
Por saber o vento
Criou asas
Por entender o fogo
Dôou-se íntegro
Por ter o mar
Amou sereias
Por viver a terra
Perdeu-se no mundo