domingo, 5 de agosto de 2007

Exercícios
Para poemas
Mínimos



TODO NOVO POEMA É UM VERBO DESCONHECIDO


Ter que ir
A fingir que anda
Sem se sair
É que a vida se espanta


Para ela
Basta que eu assuma
Mesmo que continue...


São terríveis os urros
Que o teu cadáver acoberta
É a obrigação da juventude
Que nos torna envelhecidos
Em meio ao cemitério urbano
Passeio por corpos esquecidos


Modelar
Enquanto pedra
Corpo e massa
A estátua
Desdenha
Pino formão martelo
As mãos
Escavam bolsos


São luzes
Tudo que transparece
Em meio ao céu
A lua cresce
Nos seus olhos
Toada a noite
Que há


Todo segundo contém
Em si o mistério
O tempo a escorrer
Malabarismos
Entre ele e ela
Resiste o olhar


Qual bar
Que boteco seja
Trago em mim
Todo o álcool
Feito sede
A secar-me o corpo


Envenenadas as palavras ciciam
Com seus guisos o silêncio
O momento exato
Cada vírgula é um bote


Querer exato
O que se cria
Da terra a modelar
O barro qual corpo
Transcende...


Sempre tudo
A falar
A boca
Muda
Sempre nada
A dizer
A boca
Canta


Por saber o vento
Criou asas
Por entender o fogo
Dôou-se íntegro
Por ter o mar
Amou sereias
Por viver a terra
Perdeu-se no mundo